quarta-feira, dezembro 21, 2011

Adeus até ao meu regresso

Estive a ver um programa da RTP1 em que convidaram ex-combatentes do Ultramar para ver as suas mensagens de Natal que se encontram guardadas nos arquivos da RTP. Salgueiro Maia foi representado pela neta porque infelizmente já faleceu. A RTP faz parte do património nacional, faz parte da história deste país e não pode ser entregue a nenhuma entidade privada por nenhum dinheiro.

Quando era pequeno os meus pais tinham uma loja do tipo mercearia e casa de pasto. Da porta, lembro-me de ver os soldados, que tinham sido mobilizados para irem para o Ultramar, passarem a pé de mochila e armas às costas, estrada acima, dirigindo-se para um local perto de Rio de Sapos, Belas, a que chamávamos o Montalide e que pertencia à família Pinto de Bastos. Aí havia uma saibreira onde montavam o acampamento e a aí permaneciam até à data de embarcarem.

Durante a estadia faziam marchas estrada fora e alguns fugiam temporariamente do cordão para irem comprar uma sandes que a minha mãe lhes fazia à pressa. O comandante e os oficiais vinham calmamente com marcação lá jantar por vezes. Naquela altura não conseguia a avaliar a diferença com que uns e outros lá vinham.

Parabéns à RTP pela preservação da história do nosso país.

Aproveito para recordar um facto dignificante da família Pinto de Bastos e da maneira como existia uma relação duradoura e de respeito entre patrão e empregado: no cimo de Rio de sapos há um bairro de moradias construídas pelo patrão para cada trabalhador e sua família. Eram os tempos do Salazarismo. Como os tempos mudam, como não podemos dizer que estamos muito pior que naquele tempo.

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